Quem sou eu

Escrever alguma coisa não é simples como parece. Um texto que através de palavras, passe emoções e sentidos, exige sentimentos. Não tem hora ou lugar para se escrever. O segredo da escrita é colocar no papel o que seu coração te diz. Nunca deixe de ouvi-lo, porque quando um coração fala você é capaz de escrever palavras que nunca poderia imaginar. O melhor de escrever é provocar a reação final no leitor. Começar um blog é extremamente monstruoso. Parece um bicho de sete cabeças! Mas, nós duas estamos aqui para desvendar esse desconhecido. Por favor, se alguém quiser ler sobre algo, dê a sugestão. Quem sabe não vira um texto interessante? Deixem comentários nos textos que gostarem e também nos que não gostarem. Não é só de elogios que o homem progride, precisamos de críticas! O blog “Weird and Greasy” nasceu para suas autoras expressarem seus sentimentos e provocarem emoções em seus leitores. Esperamos, sinceramente, que todos gostem e se identifiquem com pelo menos um texto. Aproveitem!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

"Mal passado"


  Estou revoltada... Acabei de levantar da minha cama macia! Sai debaixo do meu cobertor quente e pesado! Minha pele que fervia há meio segundo atrás, se arrepia congelada! Estou revoltada com uma pessoa que nem ao menos faz parte da minha vida, mas conheço... Quer saber, não sinto revolta ou ódio... Não sei bem ao certo... PENA! Isso mesmo, me preencho por inteira de pena! O pior é que não existe só ela, há inúmeras pessoas com esse pensamento desprezível espalhadas pelo mundo...
  Estou insatisfeita! Como pode existir pessoas que criticam a vida dos outros, sem se esquecerem de que são seres humanos como eles? Tem tanta gente morrendo com ânsia de viver, enquanto tantos outros perdem anos e mais anos julgando com mediocridade o modo de vida do resto da humanidade. Você nunca parou pra pensar que está sendo manipulado, assim como o religioso, o fofoqueiro, o ignorante? Se acha independente por ser cético, só que na realidade, não existe alguém no mundo que se sinta mais ameaçado e fragilizado do que você e, por isso, ataca a crença do próximo. Atenção, não seja ridículo, não estou me referindo tão somente à religião!
  Sinceramente, quem tem problemas é você que enche os ouvidos dos outros com as suas merdas de desânimo. Consegue entender a grandiosidade, o dom, a tamanha dimensão que a vida é?! Tenho certeza de que não... Mais da metade de tudo que penso não sairá da minha cabeça! As idéias brotam rápido demais e meus dedos não são ligeiros o suficiente... Qual é o propósito da vida? Simplesmente viver não deve ser? Ora essa, não existe um único propósito de vida, porém, afirmo que a busca pela felicidade será sempre um ponto em comum dentre todas as definições. Ninguém vive para ser infeliz. Todos querem sorrir!
  Felicidade, algo tão efêmero, abstrato, impassível de ser palpável ou compreendido, apenas pode ser sentido. Claro que sentimento tão espalhafatoso não se agarra de uma só vez. Quem é completamente feliz não precisa mais lutar por tal desejo e se degrada. Por isso, ela não fica com você a todo instante! Você não é feliz, apenas pode vir a estar! Perceba a diferença entre ser e estar... São aqueles momentos de alegria instantânea, que ficam na memória, que fazem o homem lembrar que a sua história valeu a pena.
  Então, fico pensando: você criticar o modo do outro tentar ser feliz te faz se sentir melhor? Qual é a certeza que você tem na vida, ó sábio de todas as coisas, além de que vai perecer no barro? Quem garante que o imbecil, na verdade, não é você?
  Essas pessoas que você tanto menospreza são mais felizes e satisfeitas do que você. Não por saberem vivê-la, mas sim por terem algo que se chama sonho. O sonho nada mais é do que a esperança. Na minha humilde opinião, um homem sem sonhos nunca será nada. Exato, continuará na inércia de uma vida estagnada.
  Portanto, vá atrás do que você acredita! Sonhe, tenha sonhos e sonhe mais um pouco! Fisicamente, tenho apenas 1,59 de altura, mas sou grandiosamente alta, pois meus sonhos são exuberantes, excêntricos. Com eles, se eu entrar em ação, aposto que posso alcançar o céu e sei que qualquer um pode também. Basta lutar e parar de esperar que a vida aconteça sozinha. Os anos passarão de qualquer jeito, nisso não há escolha. Porém, você tem a opção de decidir como esses anos todos serão vividos.
  Há pessoas maravilhosas no mundo, há tanta coisa bonita para ser apreciada! Tantos sabores, tantas cores! Para que se prender ao lado mais ranzinza do ser humano? Não estou dizendo que a vida é fácil. Ela te pega de surpresa, às vezes, você apanha, ela te derruba, mas um dia você levanta. Se rápido ou devagar? Se sozinho ou com ajuda? Essa é sua escolha! Sempre há uma saída! Lembre-se: antes tarde do que nunca! Você é quem sabe...

Paula Amorim

Nightmare



Nove e dezessete da manhã de um domingo chuvoso.
Acendi um cigarro e remexi o resto de café da xícara. O cheiro do tabaco me irritava, mas ele me mantinha acordada, pensando. Já era a terceira noite que eu não dormia. Sob a mesa: vários pedaços de papel com anotações, o gravador ligado reproduzindo uma entrevista e um par de óculos jogados em um canto.
Uma matéria pra escrever, deadline ao meio dia.
Eu aguardava ansiosamente o telefonema da polícia com mais informações sobre o cadáver encontrado naquela madrugada. Mesmo depois de tanto tempo exercendo a profissão, relatar mortes ainda era um desafio pra mim.
O café me deixara sóbria demais.
Servi-me de uma boa dose de uísque, que ao primeiro gole me causou náuseas – meu estômago estava vazio. Há quantas horas eu não comia? Obviamente, o álcool me deixou zonza.
 Entrei em um pequeno transe.
Quando recuperei a consciência, eu estava parada em frente ao espelho. A imagem refletida mostrava meu rosto pálido, o cabelo preso em um coque bagunçado e, sob os olhos, olheiras profundas e tão negras quanto o esmalte descascado em minhas unhas roídas. O telefone tocou e o policial me disse muitas coisas, mas as palavras se bagunçaram na minha cabeça e nada mais fez sentido.
Voltei à minha escrivaninha.
Uma música tocava suavemente ao fundo, coloquei meus óculos e beberiquei o resto do uísque. Observei rapidamente minha grande falta de organização e percebi que o jornal de quinta-feira se escondia embaixo de uma grande pilha de livros, puxei-o para mim.
Um choque.
Na primeira página havia uma foto desconcertante: um corpo gélido no chão, o sangue escorrido pelo tapete, uma carta de despedida em uma das mãos e uma arma na outra. Logo concluí: suicídio.
A vítima: EU.
Corri os olhos pela página - incrédula!  Finalmente, no destaque da foto da carta de despedida, encontrei a frase que justificava a minha morte: “A dor e a tristeza deturpam até mesmo a mente mais sã”.
Agora as noites sem dormir e minha confusão mental faziam sentido. Meu espírito desvairado vagava perdidamente em busca da luz.


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Deserto paralelo

Lá no céu, brilha a estrela.
Brota da terra,
Fonte de água
Luz, vida, pulsa.
Escorre, grita
Fluído quente
Calor latente
Viscosidade mórbida.
Morde, arranha
Respira, suspira baixo.
Camufla,
Persegue a dor
Insiste no prazer doentio.
Satisfeito, descansa o corpo.
Derrete na água fria,
Seca com o vento liso.
Suja, encarde com a lama acinzentada
Pele vermelha, queimada pelo sol escarlate.
Escuta, bravo e orgulhoso, as ondas do mar caindo sobre a areia.
Olhar, fixo e monótono, no céu
Escapa lágrima cristalina
Pesa,
Expira e vazio fica.
Intacto, estático observa a estrela inferior ao plano pacífico e intimidador da imensidão negra.

Paula Amorim

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Momentos

Ela deitou na cama e os pensamentos começaram a surgir em sua cabeça. Que confusão! Como tantos sentimentos distintos poderiam conviver numa mesma pessoa?
A tristeza era um dos sentimentos mais fortes dentro dela, tão grande que fazia brotar lágrimas dos seus pequenos olhinhos de menina e machucava seu coração.
A tristeza dava as mãos para a saudade, que era o mais cruel de todos os sentimentos, causava feridas que só o tempo poderia curar.
Ela varreu o quarto com o olhar, enquanto a música tocava calma no fundo, se lembrando de todos os momentos bons que tinha vivido. Se perguntava se um dia conseguiria encontrar a felicidade completa de novo.
Ela sorria às vezes e até conseguia se divertir, mas seu coração estava muito machucado e pulsava lentamente enquanto as lágrimas escorriam.
Um grito de pavor ecoava em sua cabeça toda vez que se lembrava do por que estava chorando.
Tentou afastar os pensamentos ruins lembrando de quem ainda a fazia sorrir. Sua família e seus amigos eram a sua força, mas nem sempre compreendiam o que passava em sua cabecinha.
Abraçou seu travesseiro tentando fechar o buraco que se abrira em seu peito, e então, lá no fundo, escondidinho, estava o amor, que mantinha seu coração pulsando.
Nesse instante o amor dominou seu corpo frio com uma onda de calor.Ela se levantou, secou o rosto borrado pela maquiagem que havia escorrido e mudou a música.
A nova faixa, mais agitada, batia no compasso do seu coração, que agora se recompunha. Ela se animou.
Pensou no que tinha acontecido e seu deu conta que acabara de ter mais um de seus momentos de tristeza, vazio e solidão. Se perguntava até quando isso iria acontecer.
Enquanto eles não tinha fim, ela vivia do seu jeito simples, tentando encontrar algo ou alguém que lhe botasse um sorriso no rosto.

Maria Eduarda Amorim