Quem sou eu

Escrever alguma coisa não é simples como parece. Um texto que através de palavras, passe emoções e sentidos, exige sentimentos. Não tem hora ou lugar para se escrever. O segredo da escrita é colocar no papel o que seu coração te diz. Nunca deixe de ouvi-lo, porque quando um coração fala você é capaz de escrever palavras que nunca poderia imaginar. O melhor de escrever é provocar a reação final no leitor. Começar um blog é extremamente monstruoso. Parece um bicho de sete cabeças! Mas, nós duas estamos aqui para desvendar esse desconhecido. Por favor, se alguém quiser ler sobre algo, dê a sugestão. Quem sabe não vira um texto interessante? Deixem comentários nos textos que gostarem e também nos que não gostarem. Não é só de elogios que o homem progride, precisamos de críticas! O blog “Weird and Greasy” nasceu para suas autoras expressarem seus sentimentos e provocarem emoções em seus leitores. Esperamos, sinceramente, que todos gostem e se identifiquem com pelo menos um texto. Aproveitem!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Nightmare



Nove e dezessete da manhã de um domingo chuvoso.
Acendi um cigarro e remexi o resto de café da xícara. O cheiro do tabaco me irritava, mas ele me mantinha acordada, pensando. Já era a terceira noite que eu não dormia. Sob a mesa: vários pedaços de papel com anotações, o gravador ligado reproduzindo uma entrevista e um par de óculos jogados em um canto.
Uma matéria pra escrever, deadline ao meio dia.
Eu aguardava ansiosamente o telefonema da polícia com mais informações sobre o cadáver encontrado naquela madrugada. Mesmo depois de tanto tempo exercendo a profissão, relatar mortes ainda era um desafio pra mim.
O café me deixara sóbria demais.
Servi-me de uma boa dose de uísque, que ao primeiro gole me causou náuseas – meu estômago estava vazio. Há quantas horas eu não comia? Obviamente, o álcool me deixou zonza.
 Entrei em um pequeno transe.
Quando recuperei a consciência, eu estava parada em frente ao espelho. A imagem refletida mostrava meu rosto pálido, o cabelo preso em um coque bagunçado e, sob os olhos, olheiras profundas e tão negras quanto o esmalte descascado em minhas unhas roídas. O telefone tocou e o policial me disse muitas coisas, mas as palavras se bagunçaram na minha cabeça e nada mais fez sentido.
Voltei à minha escrivaninha.
Uma música tocava suavemente ao fundo, coloquei meus óculos e beberiquei o resto do uísque. Observei rapidamente minha grande falta de organização e percebi que o jornal de quinta-feira se escondia embaixo de uma grande pilha de livros, puxei-o para mim.
Um choque.
Na primeira página havia uma foto desconcertante: um corpo gélido no chão, o sangue escorrido pelo tapete, uma carta de despedida em uma das mãos e uma arma na outra. Logo concluí: suicídio.
A vítima: EU.
Corri os olhos pela página - incrédula!  Finalmente, no destaque da foto da carta de despedida, encontrei a frase que justificava a minha morte: “A dor e a tristeza deturpam até mesmo a mente mais sã”.
Agora as noites sem dormir e minha confusão mental faziam sentido. Meu espírito desvairado vagava perdidamente em busca da luz.


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