Quem sou eu

Escrever alguma coisa não é simples como parece. Um texto que através de palavras, passe emoções e sentidos, exige sentimentos. Não tem hora ou lugar para se escrever. O segredo da escrita é colocar no papel o que seu coração te diz. Nunca deixe de ouvi-lo, porque quando um coração fala você é capaz de escrever palavras que nunca poderia imaginar. O melhor de escrever é provocar a reação final no leitor. Começar um blog é extremamente monstruoso. Parece um bicho de sete cabeças! Mas, nós duas estamos aqui para desvendar esse desconhecido. Por favor, se alguém quiser ler sobre algo, dê a sugestão. Quem sabe não vira um texto interessante? Deixem comentários nos textos que gostarem e também nos que não gostarem. Não é só de elogios que o homem progride, precisamos de críticas! O blog “Weird and Greasy” nasceu para suas autoras expressarem seus sentimentos e provocarem emoções em seus leitores. Esperamos, sinceramente, que todos gostem e se identifiquem com pelo menos um texto. Aproveitem!

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Ciclo

Sonhar, acordar, sentir saudade, chorar.
Lembrar, rir, se animar, gargalhar, se divertir.
Levantar, dançar, comer, beber, banhar.
(Banho, água, frescor, espuma, bolhas, perfumes, renovação).
Música, cabelo, maquiagem, roupas, risos.
Batom, boca, dentes, sorrisos.
Passeio, encontros, desencontros, tristeza. Reencontro.
Riso, simpatia, apertos de mão, braços, lembranças, promessas. Abraços.
Coração, palpitação, conversas, alegria, sentimentos, beijos, calor.
Tempo, distância, erros, culpa, desentendimentos, frieza, desamor.
 Arrependimento, brigas, fim.
Choro, bebidas, tônica, gim.
Dormir. Sonhar. Acordar. Sentir saudade...


Maria Eduarda Amorim

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Into your arms


Noite quente, brisa fresca, seu estrelado. Típica noite de verão.
Eu caminhava sozinha lembrando do nosso último encontro, sua indiferença havia estraçalhado meu coração. Achei melhor conversarmos, mas não obtive resposta da sua parte.
Um frio na espinha, coração apertado. Senti a tristeza aumentar. 
Um nó se formou em minha garganta, lágrimas começaram a rolar.
Perdida e confusa, sentei-me sozinha, pensando em tudo o que me deixava daquele jeito, magoada. 
Sentia arrepios de nervosismo, enquanto o vento enxugava o meu choro.
Chorei uma eternidade, até que as lágrimas secassem e o fôlego acabasse. 
E, por fim, decidi que ficar sem você era doloroso, mas te ter só às vezes estava sendo muito pior. 
Eu queria acabar com tudo e, pra isso, só precisava de um tempo para tomar coragem.
Peguei meu rumo de volta pra casa ainda com a cabeça nas nuvens. 
Cambaleei meio sem direção, ainda pensativa e abalada, voltei a chorar.
Senti tudo explodindo dentro de mim. Queria me encolher em um canto e colocar a cabeça entre pra pernas, pra ver se assim as coisas voltavam ao seu lugar dentro de mim.
Tentei mudar de foco e me concentrar em outras coisas e, num susto, senti alguém se aproximar. 
Quase em pânico, me virei pronta para estapear quem quer que estivesse atrás de mim, mas, para minha surpresa e alegria, esse alguém era você. 
Segurou meus braços, enxugou minhas lágrimas e me abraçou. 
Seu abraço me acalmou e curou toda a dor que existia dentro de mim. Meu desejo era permanecer ali, junto de você pra sempre.
Toda raiva se transformou em amor. Um sorriso brotou no meu rosto só por te ver.
Desisti dos meus planos de dar um fim àquele sentimento.
Percebi que eu só precisava de você para ficar bem, meu lugar é em seus braços.
Nos dei uma nova chance, espero não me arrepender.

Maria Eduarda Amorim ¯\_(ツ)_/¯

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Ascendente

Você é como o nascer do sol. Algo que já sei como funciona, conheço seu temperamento, mas que todos os dias me surpreende e encanta. É uma pintura viva, tão bela, que se mostra e se transforma bem ali na minha frente, de segundo em segundo. Quando eu penso que já vi o céu mais bonito, ele me esquiva e, no instante seguinte, eu já não sei mais o que é céu e o que sou eu. Ele me envolve, me emociona, me passifica. Ele me aliena, me corrompe, me agita. Dura tão pouco tempo, mas todos os dias volta. Mesmo que eu me esqueça durante o dia e noite inteira do quão importante você é, no dia seguinte é a primeira coisa que vejo e logo já me lembro que, é por amar tanto esse céu tão lindo, que eu aguardo esses dias e essas noites. 

Paula Amorim

domingo, 29 de julho de 2012

Devaneios de um sábado à noite


Pernas tremendo, mãos suando, coração acelerado. Tá certo isso?
Você me fez mudar. Me deixei levar por um sentimento que eu pensei não existir mais em mim.
Deitada em minha cama, meus pensamentos voam longe, confusão sentimental.  Já perdi a capacidade de discernir o certo do errado e, na verdade, nem sem mais o que penso. Tudo está confuso e perdido dentro de mim, mais do que o normal, e eu já não sei mais a quem recorrer. Será que alguém pode me ajudar?
Busco respostas que não existem, invento mil e uma histórias sem nexo, crio um mundo só meu. Quem são essas pessoas que insistem em aparecer nos meus sonhos me perturbando? Saiam daqui, todos vocês!  Me deixem em paz.
As pernas agora estão inquietas, as mãos que antes transpiravam estão secas e machucadas e o coração, que costumava bater acelerado, agora bate triste.
Queria poder correr, fugir, voar pra longe, mas as correntes da sanidade me prendem em um buraco frio, lúgubre e solitário.  Só me sinto a salvo em meus devaneios, quando essa gente estranha resolve me deixar. Quem são vocês, afinal? Em vez de me confundir, deviam me ajudar a encontrar uma saída para as minhas dúvidas.
Não entendo como cheguei a esse ponto, falando sozinha como se alguém prestasse atenção. Ninguém se importa, estão todos preocupados demais com seus problemas medíocres e mesquinhos.
Mas não se vá, sente-se aqui, tome um gole de chá e abra o seu coração, conte-me o que te perturba. Uma boa conversa não há de fazer-lhe mal. Diga-me o que te incomodas e quem sabe assim não nos entendemos e damos um fim a toda essa palhaçada.
Esse silêncio não vai levar a lugar algum. Ou levará a loucura. 
Será que louca eu entenderia tudo? 
Preciso de um tempo pra mim, preciso pensar. Ou parar de pensar.
Sinto que tristeza e alegria dançam balé dentro de mim e todas essas piruetas estão me deixando enjoada. As duas precisam entrar num acordo.
Música deve ajudar! Quero um som esperto para embalar meu sono!  Já perdi os sentidos e agora não posso perder a razão. Me deixe sã por mais uma noite, não me deixe só. 
Cuide de mim, me faça dormir. Me acorde num lugar melhor.
A solidão me bagunça. 
Eu preciso acreditar que tudo vai ficar bem.


Maria Eduarda Amorim

sábado, 28 de julho de 2012

Conversa

É, minha princesa, me restou falar com você hoje, queria adiar essa conversa, mas acho que quanto antes, melhor.
Logo faz um ano que você se foi e acredita que eu ainda não me acostumei? Toda vez que entro no seu quarto, imagino te encontrar lá ainda, no seu mundinho, toda envergonhada. Parece que ainda posso ver você toda tímida sempre que eu entrava de surpresa e te via dançando e cantando.
Sinto falta da sua inocência, do seu companheirismo e da nossa irmandade, das nossas conversas, brigas, segredos, abraços e risadas. Quando você sorria, o mundo se iluminava, o riso de uma criança é a coisa mais doce que existe.
Essas foram as férias de julho mais difíceis que eu já tive, minhas tardes sem você não fizeram sentido algum. Foi a primeira vez que não assistimos aos filmes do Harry Potter e isso é realmente estranho, haha. 
A gente foi se cuidando, se ajudando, mas a saudade ainda é grande. Falta um pedaço da gente. Minha vida ficou toda errada desde que você partiu.
Ainda espero entender um dia porque você se foi assim tão cedo e quero poder acreditar na vida de novo, porque às vezes parece que ela só está pregando uma peça de mau gosto em todos nós.
Só que não consigo acreditar que um dia eu vou acordar e tudo vai estar bem, porque só estaria bem com você aqui.
Posso dizer que não dói tanto mais quando me lembro de você, mas hoje meu coração tá apertado, batendo miudinho, miudinho.
Cuida da gente aí de cima, minha pequena.
Te amo!

Maria Eduarda Amorim

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Botão de rosa que virou cinzas antes da hora


É com extremo pesar no coração que eu digo que desisto. Apesar de ser uma desistência, não é uma desistência qualquer. Essa é uma desistência única, atípica. Não é com gosto que desisto, mas sim com vergonha. Vergonha e tolice, por ter acreditado que, talvez esse mundo capitalista e mesquinho, tivesse um bocado de compaixão. Os inocentes de coração diziam-me não desista pelos motivos errados. Porém, já não acredito ou distingo mais os motivos errados. Só há um motivo: o motivo. E  esse motivo é o motivo e ponto final. Motivos não são passíveis de qualificação. Os motivos apenas existem para mudar o rumo da vida das pessoas tolas. Ah, consequências motivadas são pesarosas! Tolo, mas corajoso. Aquele que aceita seus motivos é em demasia corajoso. Pois, além de desistir dos sentimentos e dar o braço à razão, precisa enfrentar os palhaços do mundo e isso não soa fácil para quem é coulrofóbico. Pior do que tudo isso é ser coulrofóbico e cinetofóbico. Oh céus, isso nunca terá fim. Poderia permanecer aqui, já me esqueci. Não tenho mais nada para declarar, além de palavras soltas pela minha consciência: dor, cor, sabor, feixe, chiclete, estrela. Ainda há muito o que se falar, não agora! Quero o nada.

Paula Amorim

domingo, 1 de julho de 2012

Cedo ou tarde

Hoje, mais um mês se passou. No instante em que o meu relógio marcou meia noite em ponto, eu estava pensando em você. Então, começou a tocar no meu ipod a música que costumávamos cantar juntas toda vez que tocava na rádio. Você se lembra? Erámos eu, você, a Júlia e a Maria Eduarda (Du) cantando, gritando sem afinação alguma, mas achando que estávamos arrasando. Depois já comecei a pensar que daqui a pouco se completa mais um mês da sua partida, porém, dizer que você partiu soa tão errado, pois afinal de contas, você não se foi completamente. Ainda existe uma parte sua em mim e uma parte minha em você. Não seria possível desligar essa conexão. Neses últimos onze meses, você nos acompanhou aí do céu e tenho certeza que não perdeu nenhum detalhe. O nosso amor é tão puro, tão forte que ainda resiste, apesar de toda distância. Ainda lembro que o primeiro dia que amanheceu após a sua partida, foi o céu mais bonito que já havia visto em toda a minha vida. O sol estava grande, forte, amarelo, tomava todo o céu. Ele abraçava toda aquela imensidão azul, ele me abraçava e eu me sentia aquecida. Sei que era você e o seu amor. Eu chorei, porque no fundo do meu coração eu sabia que o céu seria mais bonito a partir daquele dia, porque agora você moraria lá também. Onde quer que você esteja, fará dele o lugar mais bonito que existe! Quando estamos todas juntas ou quando estou sozinha, sinto sua paz, sua presença, você continua aqui me dando a mão. Agora, não é mais você quem tem medo, mas sim eu! Quem pede que você não solte mais a minha mão sou eu! Ainda cantamos juntas as músicas que você gosta, dançamos as coreografias de HSM e ainda posso escutar a sua risada envergonhada. A sua voz estridente, o sorriso que vestia todo o seu rostinho de felicidade, a sua monocova (haha, é igual a do Tom!). Lembro que você dizia que eu não sabia desenhar coração, hihi. Lembro de cada detalhe, cada lembrança! Quando estávamos no show do Nx, cantando “Cedo ou tarde”, um pedacinho do céu desceu. Era você ali com a gente! Eu ainda sinto o seu abraço, às vezes, parece tão real que eu preciso abrir os olhos pra conferir se você não está realmente aqui. Agora mesmo, enquanto escrevo, posso sentir você me abraçar. Sinto tanto a sua falta… Você me completa, estar com você é o suficiente, é o que basta pra me deixar em paz! Eu te amo tanto, mas tanto que talvez eu possa explodir de tanto amor, sabia?

Com todo o meu amor,

Sua Pá, pra sempre <3

domingo, 10 de junho de 2012

Happily (n)ever after

Sempre acho que já superei, mas na verdade, lá no fundinho, isso ainda me machuca.
Entrar em casa e ver que nada está como era antes, é difícil acostumar.
Sinto falta da sua risada, das suas coisas espalhadas, das suas músicas, do seu beijo de boa noite e até mesmo do seu cheiro aqui em casa. Sei que todas essas coisas não estão fora do meu alcance, mas agora é diferente.
Vida nova, casa nova, família nova. Distância.
Lembro da noite em que tudo acabou. Será que tive culpa, poderia ter evitado?
Acho que não, isso é um assunto de vocês e eu não deveria me meter. Mas me afeta, e muito. 
Me pergunto por que vocês não tiveram um pouco mais de paciência. Vocês não sentem falta da vida bonita que levávamos? 
Um foi mais egoísta que o outro, nenhum quis ceder ou tentou mudar, cada um foi pro seu lado e tratou de cuidar da própria vida. Isso não faz sentido algum. Isso não está certo.
Quando vocês decidiram ter uma vida juntos, deviam ter se esforçado mais pra que desse certo.
Pelo menos é assim que eu acho que deve ser, uma família foi feita pra ficar unida.
Mas tudo bem, vocês seguiram suas vidas agora. E eu? 
Só consigo me lamentar.
Muitas vezes me pego tendo que escolher entre um e outro e isso acaba comigo. Minha vida virou uma bagunça quando tudo em que eu acreditava, em que tinha esperanças e queria pro meu futuro teve um fim. Em que acreditar agora?
Às vezes só consigo pensar que nada vai dar certo.
Eu posso estar sendo a egoísta, vocês não estavam felizes juntos. 
Mas me pergunto se um tempo longe não seria o suficiente pra tudo se acalmar e voltar ao normal, vocês não se deram esse tempo.
Tudo mudou muito de repente, ainda estou perdida e confusa e magoada sim.
Sei que o 'se' e o 'talvez' nunca mudaram nada, mas queria que mudassem, queria que a gente fosse capaz de ver como a vida seria se estivéssemos todos juntos de novo.
Espero um dia entender que foi melhor assim e que haja um sentido pras coisas terem acontecido desse jeito.
Sinto falta de tudo o que vivemos, mas prometo tentar me acostumar com as mudanças.
Espero que vocês aproveitem dessa vez. Boa sorte!



Maria Eduarda Amorim

quinta-feira, 24 de maio de 2012

(sem título)

  E no céu amanheceu dunas de um deserto. Montanhas de areia branca e fria, reflexo da noite. Do meio desse emanharado de grãos, os raios de sol irradiam - quentes, vermelhos, imponentes. De repente, uma forte emoção tomou conta do meu ser! Eu finalmente estava na África. E esse relance foi lindo, puro e sensacional.
  Em questão de minutos aquela África espelhada se dissipou. As dunas perderam altitude e permitiram a vista de um fundo azul. Aqueles raios vermelhos hipnóticos se transformaram em humildes traços amarelos. Não havia nada mais explicito ali! Então, eu vi o céu. 
  Ao observá-lo pela terceira vez, escutei o vazio de sua explosão. As nuvens finas e inconstantes que cortavam o céu de leste a oste, contornadas pelo traço amarelo, se assemelhavam à origem do universo.
  Não satisfeita, olhei para cima mais uma vez. Agora não existem mais os raios do sol. Uma imensidão azul opaca de nuvens rosas. A neblina borra o contorno da cidade. Então, eu fecho meus olhos e tudo reage no preto. 


  Paula Amorim

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Soul mate

Sei que essa montagem ficou genial, HAHA,
mas é de coração.
Me lembro como se fosse hoje, em algum dia de outubro de 2010, te encontrei revoltado pelo mesmo motivo que eu. 
O tempo passou e trocamos conversas, revoltas, segredos, alegrias e tristezas. 
Descobrimos que gostamos das mesmas bandas, dos mesmos livros, dos mesmos filmes e assim nossa amizade surgiu naturalmente. 
Só tinha um problema: você estava a, no mínimo, uns 1030km de mim.
É triste não poder te ver, não poder te abraçar quando você está triste ou bater na sua casa pra contar alguma coisa empolgante. Mas quer saber se isso nos impediu de sermos amigos? Obviamente que não.
Esse foi um dos motivos de eu querer sempre falar com você, saber como você estava e o que tinha de novo pra me contar.
Me divirto com nossos planos, nossas conversas sem sentido e nossa paixão platônica por McFLY. Adoro rir do seu sotaque, das suas manias e das suas expressões estranhas. Você me faz bem.
Nossa amizade me fez perceber que não precisa estar perto pra gostar de alguém e que distância nenhuma consegue separar uma grande amizade.
Como explicar pra alguém que meu melhor amigo é uma pessoa que eu nunca vi na vida? Simples, você me conhece e me entende melhor do que qualquer outra pessoa.
Posso dizer que meu dia valeu a pena quando temos um boa conversa, quando você não está aqui eu fico perdida, não tenho com quer compartilhar minhas alegrias, conquistas, medos e frustrações.
É incrível como já conseguimos dizer se um está bem ou não só pela maneira como nos cumprimentamos.
Obrigada por me entender e por ler cada lamento ou surto meu desesperado na madrugada, saiba que eu sempre estarei pronta pra ouvir seus lamentos e surtar com você também.
Só tenho a dizer que espero que nossa amizade ainda dure bastante, que você sempre tenha paciência comigo, que um dia nos encontremos e possamos realizar pelo menos metade dos planos que fizemos juntos.
Obrigada por ser a melhor pessoa possível falando do Dougie, do Danny, do Harry, ou do Tom e me ajudando a lidar com meus dilemas. E por fim, obrigada pelos momentos juntos e por sempre botar um sorriso no meu rosto.
Amo você, meu melhor amigo.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Indiferenças

  Pó. Havia partículas de pó por todos os cantos da casa. Os perfumes vencidos que repousavam estáticos em sua penteadeira evidenciavam o descaso de Elisa. As marcas das inumeras xicaras de café, que tomava durante as madrugadas de insônia, não saiam mais dos moveis velhos e desgastados de madeira escura. Uma velha, com seus vinte e poucos anos, vasculhava a pilha bagunçada e infindável de seus rascunhos. Estava desesperada! Na maioria das vezes, entrava nesse estado de pânico, aparentemente sem motivo. O que tanto procurava? Nada que estivesse ali, escondido, no meio de tantos papéis. 
  A solidão a matava. Não suportava ter que viver sozinha com seus peixinhos, que já bóiam na superfície da água escura de seu pequeno aquário havia mais de um mês. Já passou a idade da mulher jovem se casar. Elisa auto definiu seu status de relacionamento: intragável. Havia sido criada para permanecer sozinha, pois, apesar de ser sonhadora, era arisca em demasia. Na verdade, quando decidiu ser escritora, casou-se com os livros. Escrever exigia sensibilidade de percepção! Mas o que é da sensibilidade sem a emoção? 
  Após seu ataque inconsciente de fúria, ela deitava em meio as páginas espalhadas pelo chão e chorava em silencio. Quando se cansava de chorar, adormecia por um tempo incerto. Acordava, servia-se de uma pequena dose de uísque e ligava a vitrola, que havia ganhado como herança de sua avó, e dançava ao som de Billie Holliday. Mais lagrimas escorriam, porém, dessa vez havia um sorriso em seu rosto. A música a fazia bem... Uma das poucas coisas pela qual ela zelava era a a vitrola da avó. 


Paula Amorim

sábado, 7 de abril de 2012

Cold

Sete e trinta e oito da manhã, acordei com a chuva batendo em minha janela. 
Era um sábado frio e cinzento, fiquei feliz. 
Levantei-me ainda enrolada nas cobertas para colocar água para esquentar na chaleira. 
Meu estômago estava vazio e chiava de fome, precisei alcançar alguns biscoitos no armário enquanto observava o fogo. As chamas realmente me impressionavam.
O tempo frio se tornou propício para acender a lareira, mas logo a preguiça me fez voltar pra cama por mais alguns minutos.
Deitei-me confusa, tentando me lembrar da noite anterior, então notei manchas de maquiagem no meu travesseiro. Pude concluir que eu adormecera chorando.
Sentei na cama e olhei ao redor: garrafas de vodka no chão e uma forte enxaqueca denunciavam minha recente embriaguez. Cartelas de comprimido vazias explicavam o meu pequeno lapso de memória.
Logo a cena se formou em minha mente. Lembrei-me de gritos, lágrimas e de uma longa discussão. Nossas fotos rasgadas jogadas no chão elucidavam o desfecho: rompemos. 
Eu ainda podia ouvir o som da porta batendo quando você deixou o meu quarto. 
Confusão mental e coração partido.
A chaleira apitou, a água ferveu, voltei à realidade. 
Meu estômago não era mais a única coisa vazia dentro de mim, senti meu coração mais frio do que o tempo lá fora.
Sem saber o que fazer, servi-me uma xícara de chá e sentei-me em frente à lareira. Mais uma vez as chamas prenderam minha atenção.
Perdi-me em meus pensamento e, minutos depois, senti lágrimas brotando em meus olhos, meu corpo frio estremeceu com o calor do chá e do fogo. 
Achei melhor regressar ao quarto.
O dia cinza e o clima gelado agora me faziam sentido, a alegria dera lugar à melancolia.
Com a cabeça pesada, logo adormeci abraçada ao travesseiro borrado. 
Me perguntava quando ele voltaria a ser você.


Maria Eduarda Amorim

domingo, 18 de março de 2012

Intrínseco


Chove. O mundo desaba fora e a única coisa que consigo fazer é pensar em você. É como se eu estive reclusa no meu forte! A imperatividade da chuva poderia quebrar as janelas, formar buracos nas paredes, romper a fechadura das portas e aniquilar o telhado da minha casa, porém, nenhuma catástrofe me atingiria, pois me encontro em outra dimensão: estou presa no seu coração. O que é coração? O que é você? O que é toda essa chuva? O que é o tempo? O que é a distância?
  Eu honestamente não sei. Como compreender algo como a chuva? Senhora que te pacifica e apavora ao mesmo tempo. Como pensar em você, sendo um completo enigma indecifrável na minha mente? Como amar algo tão desconhecido à minha natureza? Paradoxo, mistério muito tempo passado - conheço cada detalhe impalpável. Como convencer à saudade que o tempo não está e que a distância é desprezível perto do amor compartilhado? Como coração? Cor e ação? É isso? Palavras soltas, pensamentos que vagam e atravessam a minha mente iguais a trens fantasmas sem rumo. Chove mais e mais.
  A verdade chega e se veste soberana. A água escorre sem fim e traz consigo a consciência dos fatos. Os sentimentos refletem em cada gota mínima e cristalina. Os olhos medrosos a encaram, mas nada enxergam senão o outro lado da gotícula incolor. Persiste, seja intrépido! Entenda cada recheio que se esconde dentro dessa sinceridade. Abranja seu repertório e tome (re)conhecimento! Não fuja mais para longe. Não procure mais o sol em busca de ofuscar-se em seus raios dissimulados. Deixe a chuva cair. Empoça o chão e a alma transcende. Um suspiro escapa perante a concepção das sensações apresentadas.
  O amor mostra a sua face mais uma vez por um momento instantâneo e, de modo abrupto, evapora. A memória perece e se escuta um barulho varialmente acelerado. Os demais sons são abafados e no fundo, dentro dos olhos, ecoa vívido e emocionado: tum tumtum tumtumtum tumtum tumtumtum tum tumtumtumtum. Quanto mais próximo e em desepero, mais forte. Porém, quanto mais perto do horizonte e em profunda dor, permance forte nunca susta. Não insolvência. E a chuva subsiste.

Paula Amorim

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Formosa beleza

Nunca me vi tão bonita e tão triste... Quando me olhei no espelho com os olhos avermelhados e carregados de lágrimas, boca trêmula e vermelha. A pele lisa e as bochechas rosadas fortemente. Dizia com autoridade como era sozinha e como havia sido criada para amar e me doar à felicidade do próximo. Nunca me vi tão desamparada à frente de minha real desgraça e missão. Estava brilhantemente linda! Transbordava beleza naquelas gotas que pesavam solidão extrema. Nunca me senti tão triste e bonita... Quem imaginaria que na minha miséria, encontraria tal beldade escondida. Até, então, esquecida! Tentava convencer aquela mulher que se encontrava dentro do espelho, mas ela era incrivelmente bonita. Ela me seduzia. Apesar de sua imensa tristeza, a moça era linda! Me apaixonava pelo brilho de seus olhos e pela presença significativa de vida no tom vermelho de sua boca e de sua pele macia. Era magnífica! Enxergar a beleza dentro de uma natureza tão pesarosa e lastimável, foi o ato mais singelo, o sentimento mais puro e a consciência mais sincera de seus dezoito anos vividos até aquele momento.

Paula Amorim

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A formiguinha

  Enquanto eu secava o meu cabelo, uma formiguinha saiu andando debaixo do sofá onde eu estava. Primeiramente, achei que ela fosse pequena. Mas, pensando bem, imaginei que se inúmeras iguais a ela resolvessem se unir e me atacar, a formiguinha e suas amigas me cobririam facilmente. Cheguei a conclusão de que ela tinha um tamanho avantajado, especialmente o seu traseiro.   
  Um desejo louco e descontrolado surgiu dentro de mim. Como sempre (não posso evitar, isso acontece instintivamente), comecei a imaginar um filme que começasse com a câmera fazendo o percurso da pequena grande formiga. Reparei que ela parecia meio tensa, no que ela estaria pensando? Ai, queimei minha testa! Estava tão obssecada por ela que me esqueci de mim. Fiquei a observando.      
  Quando chegou no rodapé do chão com a parede, ela seguiu em frente, como se não tivesse mudado de direção, tudo normal. Porém, depois de uns quinze passos ela caiu. Achei que a formiguinha fosse desistir já que havia caído uma vez. Me enganei, ela tentou de novo. Caiu mais uma vez. Agora ela vai desistir - eu tinha certeza! Não obstante a pequena artrópode subiu pela terceira vez e falhou também. Mas, dessa vez, ela não hesitou, não pensou duas vezes.
  Descontraida, ela seguiu seu caminho para o sentido oposto, sem nem olhar para trás.  Ela parecia feliz, leve. Imaginei que ela deveria estar cantando enquanto caminhava. Todavia, no que pensava? Por que havia escolhido seguir aquele caminho e depois de tanta insistência, ter desistido e seguido outro satisfatoriamente? Ela teria percebido que o chão havia acabado e já subia pela parede? Eu não sei, mas aquilo me fez pensar: até que ponto não somos ou agimos como essa formiguinha?


Paula Amorim

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

"Mal passado"


  Estou revoltada... Acabei de levantar da minha cama macia! Sai debaixo do meu cobertor quente e pesado! Minha pele que fervia há meio segundo atrás, se arrepia congelada! Estou revoltada com uma pessoa que nem ao menos faz parte da minha vida, mas conheço... Quer saber, não sinto revolta ou ódio... Não sei bem ao certo... PENA! Isso mesmo, me preencho por inteira de pena! O pior é que não existe só ela, há inúmeras pessoas com esse pensamento desprezível espalhadas pelo mundo...
  Estou insatisfeita! Como pode existir pessoas que criticam a vida dos outros, sem se esquecerem de que são seres humanos como eles? Tem tanta gente morrendo com ânsia de viver, enquanto tantos outros perdem anos e mais anos julgando com mediocridade o modo de vida do resto da humanidade. Você nunca parou pra pensar que está sendo manipulado, assim como o religioso, o fofoqueiro, o ignorante? Se acha independente por ser cético, só que na realidade, não existe alguém no mundo que se sinta mais ameaçado e fragilizado do que você e, por isso, ataca a crença do próximo. Atenção, não seja ridículo, não estou me referindo tão somente à religião!
  Sinceramente, quem tem problemas é você que enche os ouvidos dos outros com as suas merdas de desânimo. Consegue entender a grandiosidade, o dom, a tamanha dimensão que a vida é?! Tenho certeza de que não... Mais da metade de tudo que penso não sairá da minha cabeça! As idéias brotam rápido demais e meus dedos não são ligeiros o suficiente... Qual é o propósito da vida? Simplesmente viver não deve ser? Ora essa, não existe um único propósito de vida, porém, afirmo que a busca pela felicidade será sempre um ponto em comum dentre todas as definições. Ninguém vive para ser infeliz. Todos querem sorrir!
  Felicidade, algo tão efêmero, abstrato, impassível de ser palpável ou compreendido, apenas pode ser sentido. Claro que sentimento tão espalhafatoso não se agarra de uma só vez. Quem é completamente feliz não precisa mais lutar por tal desejo e se degrada. Por isso, ela não fica com você a todo instante! Você não é feliz, apenas pode vir a estar! Perceba a diferença entre ser e estar... São aqueles momentos de alegria instantânea, que ficam na memória, que fazem o homem lembrar que a sua história valeu a pena.
  Então, fico pensando: você criticar o modo do outro tentar ser feliz te faz se sentir melhor? Qual é a certeza que você tem na vida, ó sábio de todas as coisas, além de que vai perecer no barro? Quem garante que o imbecil, na verdade, não é você?
  Essas pessoas que você tanto menospreza são mais felizes e satisfeitas do que você. Não por saberem vivê-la, mas sim por terem algo que se chama sonho. O sonho nada mais é do que a esperança. Na minha humilde opinião, um homem sem sonhos nunca será nada. Exato, continuará na inércia de uma vida estagnada.
  Portanto, vá atrás do que você acredita! Sonhe, tenha sonhos e sonhe mais um pouco! Fisicamente, tenho apenas 1,59 de altura, mas sou grandiosamente alta, pois meus sonhos são exuberantes, excêntricos. Com eles, se eu entrar em ação, aposto que posso alcançar o céu e sei que qualquer um pode também. Basta lutar e parar de esperar que a vida aconteça sozinha. Os anos passarão de qualquer jeito, nisso não há escolha. Porém, você tem a opção de decidir como esses anos todos serão vividos.
  Há pessoas maravilhosas no mundo, há tanta coisa bonita para ser apreciada! Tantos sabores, tantas cores! Para que se prender ao lado mais ranzinza do ser humano? Não estou dizendo que a vida é fácil. Ela te pega de surpresa, às vezes, você apanha, ela te derruba, mas um dia você levanta. Se rápido ou devagar? Se sozinho ou com ajuda? Essa é sua escolha! Sempre há uma saída! Lembre-se: antes tarde do que nunca! Você é quem sabe...

Paula Amorim