A solidão a matava. Não suportava ter que viver sozinha com seus peixinhos, que já bóiam na superfície da água escura de seu pequeno aquário havia mais de um mês. Já passou a idade da mulher jovem se casar. Elisa auto definiu seu status de relacionamento: intragável. Havia sido criada para permanecer sozinha, pois, apesar de ser sonhadora, era arisca em demasia. Na verdade, quando decidiu ser escritora, casou-se com os livros. Escrever exigia sensibilidade de percepção! Mas o que é da sensibilidade sem a emoção?
Após seu ataque inconsciente de fúria, ela deitava em meio as páginas espalhadas pelo chão e chorava em silencio. Quando se cansava de chorar, adormecia por um tempo incerto. Acordava, servia-se de uma pequena dose de uísque e ligava a vitrola, que havia ganhado como herança de sua avó, e dançava ao som de Billie Holliday. Mais lagrimas escorriam, porém, dessa vez havia um sorriso em seu rosto. A música a fazia bem... Uma das poucas coisas pela qual ela zelava era a a vitrola da avó.
Paula Amorim
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